sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Livro: A Arte da Sabedoria Mundana


    Quero falar à respeito deste maravilhoso livro que um amigo meu recomendou. O título não me despertou tanta curiosidade, e seria mais provável que seria mais um palpite daqueles que passam pelo ouvido sem obstáculo, poré, ao ler os primeiros aforismos deste livro pela internet, fiquei admirado não só pela coerência dos temas abordados, mas também, pela capacidade de explanação tão resumida e profunda que só um gênio chamado Baltasar Gracián, prosador espanhol percursos do conceptismo, estilo literário que se difundiu na época da contrareforma inclusive sofrendo severas represálias por parte da Igreja, poderia realizar.
     O autor não baseia seus aforismos em nenhum tipo de sentimentalismo, ou qualquer sentimento barato. Suas idéias servem como parâmetro para o bem viver, um oráculo do dia-a-dia, concentrando seu foco na instabilidade humana no campo emocional, tendo por objetivo, fazer com que as pessoas saibam utilizar suas emoções, seus valores, suas características, da melhor maneira possível para que ela se torne prudente.
      A linguagem distancia o autor do leitor, não é aquele livro que contêm expressões do tipo: "força, você pode tudo", ou "você vale mais do que pensa". De nenhuma forma ele pensa em se relacionar com o leitor, por isso ele utiliza idéias que te deixarão à vontade para escolher o quanto tu quer dela, se vai querer ou não, uma omissão que busca não interferir no relacionamento do leitor com o conteúdo do texto. Como se fosse um livro de mandamentos.

Alguns dos meus aforismos preferidos:


19. Não despertar expectativas.

"Aquilo que é muito celebrado raramente preenche a grande expectativa. Nunca
o real pode alcançar o imaginado, porque devanear perfeições é fácil, difícil é
consegui-las. O casamento da imaginação com o desejo concebe as coisas
sempre muito melhores do que elas são de fato. Por maior que seja a
capacidade, ela nunca será suficiente para satisfazer o preestabelecido, e
aqueles que foram enganados pela expectativa exagerada são levados mais
rapidamente à decepção do que à admiração. A esperança é uma grande
falsária da verdade; o bom senso deve corrigi-la, procurando que a fruição seja
maior que o desejo. Certa dose de crédito inicial deve servir para despertar a
curiosidade, não para emprenhar p objeto. É muito melhor quando a realidade
supera as expectativas, e algo se revela melhor do que imaginamos a principio.
Essa regra não vale para coisas ruins: quando se exagera um mal, ao
conhecer a realidade, aplaude-se. O que se temia como desastroso chega a
parecer tolerável."


43. Sentir como poucos e falar como muitos.
              
" Remar contra a corrente não desfaz enganos e é extremamente perigoso. Só
um Sócrates pode tentar. O discordar é tomado como insulto, pois condena a
opinião alheia. Muitos se ofendem em consideração àquele que foi censurado e
àqueles que o aplaudiram. A verdade pertence a poucos. O engano é tão
comum quanto vulgar. Nunca se conhecem os sábios pelo que dizem em
publico. Eles não falam com a própria voz, mas com a da tolice comum, por
mais que dela discordem no intimo. O sensato evita tanto ser contrariado
quanto contrariar os outros. Pode ser rápido censurar, mas deve ser lento para
tornar pública a censura. Os sentimentos são livres; não podem e não devem
ser violados. O homem prudente busca refúgio no seu sagrado silêncio, e se
mostra a poucos e cordatos."


81. Renovar seu esplendor.

"Trata-se de privilégio de fênix. A excelência decai bem como a fama. O hábito
desgasta nossa admiração, e uma novidade medíocre pode superar a maior
celebridade envelhecida. Portanto, renasça na coragem, em intelecto, emfelicidade, e em tudo o mais. Amanheça tantas vezes quanto o sol, apenas
mudando o cenário à sua volta. Para que uns sintam sua falta e outros o
apreciem, despertando aqui o aplauso e alia a saudade."


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